Tarifa de 50% imposta pelos EUA ameaça exportações de SC e FIESC alerta: “Podemos ter cancelamentos, demissões e perdas bilionárias”

 Medida entra em vigor em agosto e setor industrial de Santa Catarina já sente os impactos

Imagem: Internet


A indústria catarinense está sob forte ameaça. A decisão do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros provocou uma onda de preocupação entre empresários e lideranças industriais de Santa Catarina. A medida entra em vigor no dia 1º de agosto e pode representar um duro golpe para um dos estados mais exportadores do Brasil.

Segundo a FIESC (Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina), a decisão afeta diretamente produtos de alto valor agregado, como móveis de madeira, motores elétricos, peças automotivas, cerâmicas e compressores, setores que têm os Estados Unidos como principal destino internacional.

“Do ponto de vista econômico, a medida não encontra justificativa, já que os EUA mantêm um superávit comercial histórico com o Brasil”, declarou Mario Cezar de Aguiar, presidente da FIESC.

Com um mercado interno incapaz de absorver toda a produção industrial, as empresas catarinenses temem o cancelamento de contratos, demissões em massa e suspensão de investimentos. Em 2024, Santa Catarina exportou US$ 1,74 bilhão para os Estados Unidos. Só no primeiro semestre de 2025, já são US$ 847,2 milhões em vendas — mostrando o peso dessa relação comercial.

“As decisões internas brasileiras devem ser respeitadas por outros países, mesmo quando há divergências políticas”, acrescentou Aguiar.

Impacto direto no Norte catarinense

No Planalto Norte, o cenário é ainda mais crítico. O setor moveleiro, especialmente na região de São Bento do Sul, pode sofrer perdas imediatas.

“Com uma tarifa de 50%, os produtos brasileiros perdem competitividade até mesmo para os chineses”, alertou Arnaldo Huebl, vice-presidente regional da FIESC.

Ele lembrou que os produtos chineses, mesmo com tarifas maiores no passado, recentemente negociaram redução para 30%, colocando os brasileiros em desvantagem. Como os contratos no setor moveleiro costumam ter prazos curtos, as perdas podem começar já nas próximas semanas.

“O impacto no setor será quase imediato. Não há contratos longos que garantam a continuidade dos negócios”, reforçou Huebl.

Risco à modernização e à competitividade

Para o primeiro vice-presidente da FIESC, Gilberto Seleme, a decisão norte-americana representa um duro golpe contra anos de modernização, investimento e esforço das indústrias catarinenses.

“As empresas não têm para onde redirecionar sua produção. O mercado interno não absorve todo o volume e outros países não oferecem a mesma escala de demanda que os EUA.”

Relação comercial estratégica ameaçada

A medida também preocupa a CNI (Confederação Nacional da Indústria), que estima que cerca de 10 mil empresas brasileiras podem perder competitividade. A entidade lembra que, em 2023, os produtos norte-americanos entraram no Brasil com tarifa média de apenas 2,7% — valor muito abaixo do permitido pela OMC (Organização Mundial do Comércio), que é de 11,2%.

Além de exportar, Santa Catarina também importa dos EUA insumos essenciais para a indústria e produtos médicos, o que torna a relação comercial ainda mais sensível.

O que pode acontecer agora?

A pressão sobre o governo brasileiro aumenta. A expectativa do setor produtivo é de que o Itamaraty e o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços atuem com urgência para reverter a decisão antes do prazo fatal: 1º de agosto.

Enquanto isso, cresce o temor de que Santa Catarina — um dos estados mais integrados à cadeia global de exportações — entre em uma fase de recessão industrial regional, comprometendo empregos, renda e desenvolvimento.

“Podemos ter cancelamentos, demissões e perdas bilionárias”, resume a FIESC.

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