A ordem de prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), causou forte reação entre líderes evangélicos e representantes políticos ligados ao campo conservador. A decisão, proferida nesta sexta-feira (18), impõe a Bolsonaro o uso de tornozeleira eletrônica, a proibição de uso de redes sociais e o impedimento de contato com o filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro, atualmente fora do país.
Segundo Moraes, a medida estaria relacionada a supostos impactos de articulações internacionais atribuídas a Bolsonaro — entre elas, uma recente sanção do ex-presidente dos EUA, Donald Trump, ao Brasil. Para diversos líderes religiosos, no entanto, a decisão reflete um avanço do autoritarismo no país e representa um cenário de perseguição política.
"A escalada da tirania"
Líderes cristãos usaram as redes sociais para expressar indignação. O pastor Judiclay Santos, da Igreja Batista do Jardim Botânico (RJ), classificou a decisão como parte de um processo de abuso institucional:
“A escalada da tirania fica evidente no abuso de autoridade, violação de direitos humanos, intimidação, prisões arbitrárias, processos jurídicos eivados de erro, ilegalidades, censura e perseguição política. Tudo isso é uma triste realidade. O consórcio do mal, endossado pela mídia prostituta, está empurrando o país para o abismo. Que o Deus vivo, o justo Juiz de toda terra, derrube a tirania e livre o Brasil”, escreveu.
O pastor Renato Vargens, da Igreja Cristã da Aliança em Niterói (RJ), também se manifestou de forma crítica:
“Não é a Venezuela, é o Brasil que virou uma distopia onde o pai está proibido pela justiça de falar com o próprio filho”.
Jay Bauman, missionário americano e pastor da filial brasileira da First Baptist Church of Orlando, fez uma denúncia direta à censura:
“Num país dominado pela censura de opiniões divergentes por parte de criminosos no poder, as ações de hoje são surpreendentes?”
Com ironia, o reverendo Allen Porto, da Igreja Presbiteriana de Barretos (SP), resumiu:
“Democracia pujante”.
Já o pastor Yago Martins, da Igreja Batista Maanaim (CE), criticou tanto Bolsonaro quanto o Supremo Tribunal Federal:
“Bolsonaro é um bandido e está sendo perseguido por um presidente bandido que usa um juiz bandido. Um dia todos eles vão prestar contas a Deus”.
Classe política também reage
A classe política ligada ao campo conservador e cristão também se manifestou contra a medida. O deputado federal Marco Feliciano (PL-SP), pastor da Assembleia de Deus, lembrou os alertas do ex-presidente:
“Nosso presidente Jair Bolsonaro nos avisou. Nos alertou. E vivemos pra ver se cumprir. Estamos a passos largos de nos tornar uma Venezuela”.
A vereadora evangélica Sonaira Fernandes (PL-SP) compartilhou uma mensagem de esperança em meio ao cenário:
“Lembrem-se sempre: não há mal que dure para sempre”.
O deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), líder da bancada do partido na Câmara, convocou mobilização:
“Brasil nas ruas Já!”, publicou em suas redes sociais.
Entre os governadores aliados, Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), afirmou:
“Não conheço ninguém que ame mais este país, que tenha se sacrificado mais por uma causa, quanto Jair Bolsonaro. Não imagino a dor de não poder falar com um filho. Mas se as humilhações trazem tristeza, o tempo trará a justiça”.
Romeu Zema (NOVO-MG), governador de Minas Gerais, também questionou a legalidade da decisão:
“Mais um ato absurdo de perseguição política a Jair Bolsonaro. Censuraram suas redes, proibiram de falar com o filho e obrigaram a usar tornozeleira eletrônica. Tudo isso num processo cheio de abusos e ilegalidades. Não existe democracia quando a Justiça é politizada”.