Declarações internas revelam desestruturação total do grupo após ofensiva israelense e reforçam perda de comando, segurança e apoio social
Um alto funcionário do Hamas, que preferiu não se identificar por razões de segurança, admitiu em mensagens enviadas à BBC News Arabic que o grupo terrorista perdeu cerca de 80% de seu controle sobre a Faixa de Gaza, após quase dois anos de intensos confrontos com as Forças de Defesa de Israel (FDI). A confissão marca uma virada significativa na narrativa de resistência mantida pela organização islâmica desde que assumiu o controle do território em 2007.
“Quase não sobrou nada da estrutura de segurança. A maior parte da liderança, cerca de 95%, já morreu. Todas as figuras ativas foram mortas”, afirmou o representante.
“O controle do Hamas é zero. Não há liderança, nem comando, nem comunicação”, completou.
O colapso de uma estrutura de poder
Desde os ataques terroristas lançados pelo Hamas em 7 de outubro de 2023 — que mataram 1.200 israelenses e resultaram na captura de reféns —, Israel intensificou sua ofensiva contra Gaza com o objetivo declarado de eliminar a estrutura militar e política do grupo. Segundo o oficial, a organização está à beira do colapso completo:
“As pessoas saquearam o mais poderoso aparato de segurança do Hamas. Levaram colchões, painéis de zinco... e ninguém interveio. Nem polícia, nem segurança”, relatou.
A desorganização interna inclui a paralisação de salários, destruição de postos de comando e ausência de autoridade em meio ao caos social e econômico. O aparato de segurança do grupo, como o notório "Ansar", foi completamente desmantelado.
Principais lideranças eliminadas
O enfraquecimento do Hamas também está diretamente ligado à morte de suas principais lideranças. O líder estratégico do grupo, Yahya Sinwar, foi morto por Israel em outubro de 2024. Em maio de 2025, seu irmão, Mohammed Sinwar, um dos últimos comandantes operacionais em Gaza, também foi eliminado.
Em setembro do ano passado, o ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, já havia declarado que “o Hamas como formação militar não existe mais”, classificando o grupo como “uma força guerrilheira dispersa e desorganizada”.
Intervenção humanitária e novos desafios
Em resposta à crise, a Fundação Humanitária de Gaza (GHF) foi estabelecida com apoio dos Estados Unidos e de Israel, com o objetivo de distribuir ajuda diretamente à população civil. A fundação tem distribuído dezenas de milhares de refeições por dia, o que, segundo o porta-voz militar israelense, Brigadeiro-General Effie Defrin, enfraquece ainda mais a influência do Hamas:
“O Hamas está perdendo o controle. Continua a operar contra seus próprios civis. Militantes têm atacado pontos de distribuição de alimentos para gerar escassez artificial e manipular a opinião internacional”, disse Defrin.
Ideologia ainda resistente
Apesar do colapso logístico e da liderança fragmentada, analistas alertam que a ideologia do Hamas continua viva entre parte da população de Gaza. A doutrina islamista do grupo, baseada nos ideais da Irmandade Muçulmana e no discurso da jihad contra Israel, ainda é disseminada em escolas, mesquitas e redes sociais.
Isso levanta questionamentos sobre a durabilidade da derrota do Hamas. Como destaca a The Jerusalem Post, “a eliminação do grupo militarmente não significa a extinção de sua influência ideológica, que continuará sendo um desafio a longo prazo para a estabilização da região”.
Uma nova fase para Gaza?
O reconhecimento público — mesmo que extraoficial — do colapso do Hamas marca uma mudança dramática nos rumos do conflito. A possível queda definitiva da organização terrorista abre espaço para debates sobre o futuro político e administrativo da Faixa de Gaza, incluindo propostas de administração internacional ou retorno da Autoridade Palestina com apoio regional e ocidental.
Enquanto isso, o sofrimento civil persiste, e a reconstrução de Gaza exigirá não apenas recursos materiais, mas também novas lideranças comprometidas com a paz e a dignidade humana. A comunidade internacional observa, agora, com cautela, o desenrolar dos próximos capítulos no Oriente Médio.
Com informações do portal The Christian Post.