Crise alimentar em Cuba atinge cristãos: fé e solidariedade no limite

 A crise alimentar em Cuba atingiu níveis jamais vistos e deixa as comunidades cristãs pressionadas além do limite. Segundo a Lista Mundial da Perseguição 2024, da Portas Abertas, Cuba ocupa a 26ª posição global—o mais alto da América Latina—em termos de perseguição aos cristãos. A escassez, a inflação e a falta de combustíveis e remédios viram desafios diários para igrejas e famílias .


"Os últimos anos foram os piores em termos de escassez de alimentos"

O pastor Antonio*, com mais de 30 anos de ministério em Cuba, não esconde a gravidade da situação: “O país está em crise há muitos anos, mas os últimos anos foram os piores em termos de escassez de alimentos”. Para a revista The Economist, trata-se da pior crise desde o colapso da antiga União Soviética .

A produção agrícola está centralizada e controlada: “Tudo deve ser vendido ao governo a preços que não cobrem nem os custos de produção”, explica Miguel*, pastor e comerciante, que também denuncia os efeitos da política estatal sobre a economia rural.

Igrejas alimentam o corpo e a alma

Dados do Observatório Cubano de Direitos Humanos revelam que 7 em cada 10 cubanos já deixaram de comer por falta de dinheiro ou alimento. A deficiência de remédios e combustível agrava ainda mais o sofrimento, como relata Antonio: “Vimos muitos doentes, membros da igreja ou seus familiares, sendo mandados de volta para casa sem tratamento”.

Apesar das adversidades, igrejas mantêm sua relevância social: “A igreja não apenas proclama a Palavra de Jesus, mas também alimenta e sustenta os que mais sofrem”. Porém, a crise impõe limitações severas à capacidade de assistência .

Perseguição ocorre por medo da influência externa

Miguel também destaca um aumento na vigilância: “As restrições impedem que os pastores participem de congressos internacionais... o governo teme que pastores os 'difamem' ou colaborem com organizações estrangeiras para derrubar o regime”.

Ainda assim, muitos líderes resistem. Desde 2021, a Portas Abertas já distribuiu alimentos a cerca de 500 famílias cubanas — um pequeno número frente à magnitude da necessidade, mas essencial para manter viva a esperança .

Além disso, mais de sete projetos de geração de renda, como produção de cacau e criação de suínos, estão em curso, beneficiando diretamente dezenas de famílias cristãs com dignidade e independência financeira.

Postar um comentário

Escreva sua mensagem aqui!

Postagem Anterior Próxima Postagem

Formulário de contato