Após anos de queda, índice de confiança na instituição religiosa mostra sinais de recuperação, especialmente entre conservadores e grupos de baixa renda
Uma nova pesquisa da renomada Gallup trouxe uma boa notícia para as instituições religiosas dos Estados Unidos: após três anos em níveis historicamente baixos, a confiança da população americana na Igreja começou a subir. Segundo o levantamento divulgado neste mês, 36% dos americanos afirmam ter “muita” ou “bastante” confiança na Igreja — um avanço relevante em relação aos 32% registrados em 2023 e 2024.
Esse aumento marca o primeiro progresso expressivo desde 2020, quando o índice chegou a apenas 31%, o mais baixo desde o início da série histórica, em 1973. Para efeito de comparação, naquele ano, 66% dos entrevistados confiavam fortemente na Igreja, com o pico atingido em 1975, quando o número chegou a 68%. Desde então, a trajetória tem sido de declínio gradual, com algumas exceções, como após os ataques de 11 de setembro de 2001, quando o índice subiu temporariamente para 60%.
Crescimento influenciado por fatores políticos e culturais
De acordo com a Gallup, o crescimento atual é considerado modesto, mas significativo, e recoloca a confiança no mesmo patamar observado em 2021 (37%). O instituto aponta que a alta foi impulsionada principalmente por grupos com perfil mais conservador, especialmente após a reeleição de Donald Trump.
Entre eleitores republicanos, a confiança na Igreja disparou de 49% em 2024 para 64% em 2025. Em contraste, entre os democratas, o número caiu ligeiramente para 21%, e os independentes registraram uma leve alta de 28% para 30%.
A Gallup destaca que o “controle partidário das instituições” influencia diretamente o nível de confiança pública, indicando que esse sentimento está muitas vezes mais ligado à afinidade política do cidadão do que à performance real da instituição.
Diversidade demográfica aponta avanço equilibrado
A recuperação da confiança não se limitou a um grupo específico. O relatório mostra que vários segmentos demográficos apresentaram crescimento no índice de confiança, o que sugere uma recuperação mais ampla.
- Mulheres: aumento de 28% para 36%, equiparando-se aos homens e eliminando uma diferença histórica.
- Jovens (18-37 anos): subiram de 26% para 32%.
- Adultos (38-54 anos): cresceram de 28% para 31%.
- Idosos (55+ anos): passaram de 39% para 42%.
Entre os grupos raciais, o índice ainda é mais baixo entre negros (31%) e hispânicos (33%) do que entre brancos (37%), mas todos os segmentos apresentaram melhora em relação ao ano anterior.
No aspecto educacional, o maior avanço foi observado entre aqueles com ensino universitário incompleto, que passaram de 25% para 36%. Também houve destaque entre os que têm renda familiar inferior a US$ 50.000, que registraram salto de 31% para 39%. Famílias com renda superior a US$ 100.000 aumentaram de 29% para 36%.
Igreja ainda inspira mais confiança que outras instituições públicas
Mesmo com o crescimento recente, a confiança na Igreja ainda é superada por outras instituições mais bem avaliadas pelos americanos. Segundo a Gallup, os maiores índices de confiança estão nas pequenas empresas (70%), nas Forças Armadas (62%) e na ciência (61%).
Por outro lado, a Igreja ainda está à frente de diversas entidades importantes, como:
- Congresso dos EUA: 10%
- Grandes empresas: 15%
- Sistema de justiça criminal: 17%
- Jornais: 17%
- Suprema Corte: 27%
- Presidência dos EUA: 30%
A média geral de confiança nas 14 instituições avaliadas pela Gallup permanece em 28%, o mesmo número registrado em 2024.
Para Megan Brenan, analista da pesquisa, “a confiança dos partidários tende a ser restaurada quando o partido político com o qual se identificam assume o controle das instituições”. Ela alerta, no entanto, que essa confiança também pode se dissipar rapidamente com uma mudança no cenário político.