Novo estudo revela avanço do ministério bivocacional e acende alerta sobre sustentabilidade pastoral
O número, que representa quase a metade dos líderes evangélicos do país, escancara uma mudança estrutural no exercício do ministério pastoral, cada vez mais marcado por desafios econômicos e exigências sociais que ultrapassam o púlpito.
Realidade crescente entre evangélicos
A taxa entre pastores evangélicos é bem superior à média geral do clero norte-americano (35%), e muito acima dos registros de 2001, quando apenas 28% dos líderes religiosos possuíam uma ocupação secular além da igreja.
A tendência é especialmente forte entre pastores evangélicos brancos, mas também aparece entre os protestantes negros, dos quais 35% exercem alguma função extraeclesiástica. Em contraste, padres católicos (14%) e líderes de igrejas protestantes históricas (11%) apresentam menor índice de atividade fora da estrutura eclesial — geralmente, quando acumulam responsabilidades, é pela liderança de mais de uma paróquia ou comunidade, não por empregos seculares.
Chamado pastoral: antes e além do púlpito
A pesquisa revela ainda que a maioria dos pastores não começou a vida adulta no ministério. Cerca de dois terços passaram por experiências profissionais diversas antes de assumir o púlpito. Entre pastores protestantes negros, o índice sobe para 89%.
Entre evangélicos, mais de 60% também chegaram ao ministério após atuarem em outras áreas — muitos começaram como líderes de jovens, ministros auxiliares ou evangelistas itinerantes, antes de se tornarem pastores principais.
Formação teológica: um mosaico de trajetórias
Apesar da necessidade de sustento bivocacional, 81% dos pastores possuem ensino superior e 59% têm alguma pós-graduação. Quase metade concluiu o tradicional curso de Master of Divinity (M.Div.), exigido em muitos seminários teológicos.
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Entre protestantes históricos, 85% têm pós-graduação e 84% cursaram o M.Div.
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Já entre evangélicos, apenas 38% têm o M.Div., e 22% não possuem diploma universitário, revelando uma diversidade maior nas trajetórias acadêmicas.
Bivocação: um modelo bíblico
O relatório também reacende uma antiga prática do Novo Testamento: a bivocação pastoral, que aparece no exemplo do apóstolo Paulo. Em Atos 18:3, lemos que Paulo trabalhava como fazedor de tendas enquanto anunciava o Evangelho. Essa realidade — que muitos consideravam do passado — volta a ser comum em tempos modernos.
“A figura do pastor exclusivamente sustentado pela igreja está sendo desafiada por pressões econômicas e mudanças culturais. Em muitos casos, o trabalho secular se tornou parte do chamado ministerial”, analisa o Christian Post, ao comentar o estudo.
Reflexão para os dias atuais
A pesquisa da Lifeway Research lança luz sobre o perfil pastoral do século 21, marcado por resiliência, preparo espiritual e uma fé que ultrapassa as paredes do templo. A prática bivocacional não é sinal de fraqueza, mas de adaptação e fidelidade.
Em tempos onde a vocação precisa enfrentar desafios financeiros, sociais e culturais, muitos pastores continuam ecoando o exemplo de Paulo: pregando com autoridade, servindo com humildade e trabalhando com dignidade.