“Estão tentando nos frear!” — Pastores acusam IBGE de sabotar avanço evangélico e falam em “censura estatística”

 Brasília, 10 de junho de 2025 — O retrato religioso pintado pelo Censo 2022 virou combustível para o barril de pólvora que separa lideranças evangélicas e o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Ao divulgar que 26,9 % dos brasileiros com mais de 10 anos se declaram evangélicos, o órgão federal achou que entregaria apenas um número. Recebeu, em troca, uma saraivada de denúncias de “manipulação ideológica”, “censura metodológica” e até “sabotagem estatal” — acusações que já ecoam nos púlpitos de Norte a Sul.


Malafaia dispara: “Onde a esquerda mete a mão, eu duvido!”

Chamado de “pitbull gospel” por detratores, o pastor Silas Malafaia não perdeu tempo:

“Tem um monte de coisa pra ser questionada. Onde a esquerda mete a mão, eu duvido. Não acredito nesses números.”

Para ele, porcentagem é detalhe; o que conta é igreja abarrotada domingo à noite. E não perdeu a chance de cutucar católicos:

“Muitos católicos nem sabem seus dogmas; evangélico, se não pratica, não se declara. O IBGE mistura alhos com bugalhos e chama de estatística.”

Estevam Hernandes vê “apagão de fé” e garante: “Já somos 35 % — no IBGE deles, não!”

Fundador da Renascer em Cristo e general da Marcha para Jesus, apóstolo Estevam Hernandes levantou a suspeita de que o Censo “esqueceu” crianças — justamente onde a natalidade evangélica voa alto:

“Deixaram fora os menores de 10 anos e ainda chamam de radiografia do Brasil? Contem direito e verão que passamos dos 35 % faz tempo.”

Ele também lembrou que a coleta de dados aconteceu em meio ao caos pós-pandemia:

“Querem congelar nosso crescimento num retrato borrado e vender como verdade científica.”

César Augusto aponta “mão vermelha” nos números

Líder da Fonte da Vida, pastor César Augusto foi além, sugerindo sabotagem planejada:

“Há gente tremendo com nossa influência nas urnas. É conveniente dizer que paramos de crescer, mas basta andar pela rua: todo mês nasce uma igreja nova — e lota.”

Frente Parlamentar afia a espada

Ex-presidente da bancada evangélica, deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) jogou lenha no fogo:

“Até 2030, seremos maioria. A esquerda sabe disso, por isso tenta desidratar nossos números agora.”

Ele diz que 80 % dos evangélicos se alinham à direita — pesadelo estatístico para quem sonha com hegemonia progressista.

Voz dissonante: pastor presbiteriano vê crise interna, não complô

Na contramão da turba indignada, pastor Victor Fontana (Igreja Presbiteriana) aceita os dados e alerta para pecados de “dentro de casa”:

“Escândalos morais e alianças políticas mal costuradas minam a credibilidade. Pesquisa Atlas/Intel mostra 73 % dos brasileiros desconfiando das igrejas.”

Fontana sustenta que a freada no crescimento talvez seja culpa de líderes que trocam o altar pelos holofotes da política — parte da plateia evangélica prefere tapar os ouvidos.

Metodologia ou maquiavelismo?

O IBGE defende que, pela primeira vez, excluiu crianças menores de 10 anos para evitar respostas por procuração. Críticos chamam isso de “pente-fino seletivo” que golpeia justamente o grupo em que o pentecostalismo explode. A demora de três anos entre a coleta (2022) e a divulgação (2025) também virou munição:

  • Por que tantos meses na gaveta?
  • Quem revisou os dados?
  • Quem ganhou com o atraso?

Perguntas sobram, respostas evaporam.

Por que você deve se importar

  1. Disputa espiritual x política — Números moldam narrativas; quem controla a régua mede o poder.
  2. Eleição à vista — Se o rebanho é menor, o peso eleitoral diminui; se é maior, Brasília treme.
  3. Credibilidade das instituições — Quando estatística vira guerra santa, o próximo alvo pode ser qualquer dado que desagrade a quem grita mais alto.
Próximos Rounds
  1. Convocação do IBGE ao Congresso? Deputados já coletam assinaturas. 
  2. Auditagem independente nos questionários? ONGs se oferecem.
  3. Campanha nas redes: hashtags duelam entre #IBGEManipula e #CensoÉFato. 

 Enquanto isso, nas esquinas do Brasil, continua o fenômeno que ninguém questiona: mais templos, mais culto, mais vozes clamando nos desertos urbanos. Se o Censo não captou esse som, o debate — e a polêmica — prometem ensurdecer ainda mais. 

Imagem: Pixabay

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