Igrejas adotam Inteligência Artificial, mas ainda evitam seu uso em sermões, aponta pesquisa

Imagem Gerada por IA

Um novo relatório revela que a Inteligência Artificial (IA) está ganhando espaço entre as igrejas dos Estados Unidos, com aplicações cada vez mais comuns no dia a dia das congregações. No entanto, quando se trata da produção de conteúdo espiritual — como sermões e devocionais — a tecnologia ainda encontra resistência.

O estudo State of the Church Tech 2025, publicado pela empresa Pushpay em parceria com a Engiven e a Checkr, entrevistou cerca de 8 mil líderes religiosos em fevereiro deste ano. O resultado mostra que o uso de IA nos ministérios cresceu 80% em relação a 2024. Apesar do salto, o avanço permanece restrito a áreas operacionais.

Segundo o relatório, os principais usos da inteligência artificial nas igrejas têm sido na criação de conteúdo para redes sociais, edição de imagens, disparo de e-mails e outras tarefas ligadas à comunicação. A maioria dos líderes, no entanto, ainda hesita em empregar a tecnologia para fins diretamente espirituais.

“Embora a adoção tenha aumentado, os líderes continuam relutantes em confiar nela para conteúdo pastoral”, destaca o documento. “Menos de um quarto dos entrevistados usa a IA para preparar devocionais ou sermões — uma tendência que se mantém estável em relação ao ano passado.”

Para os autores do estudo, esse comportamento reflete a visão espiritual de muitos líderes que iniciaram seus ministérios bem antes da ascensão da tecnologia. “Liderar pela inspiração do Espírito Santo continua sendo o foco”, observam os pesquisadores. “Mas, uma vez que a mensagem está pronta, muitos estão aproveitando a IA para ampliá-la com agilidade e alcance.”

O avanço da IA no contexto cristão também tem atraído nomes de peso. A Gloo, plataforma que conecta igrejas e organizações religiosas por meio da tecnologia, anunciou recentemente a chegada de Pat Gelsinger — ex-CEO da Intel — como presidente executivo e diretor de tecnologia da empresa. Antes investidor, Gelsinger agora assume um papel ativo no desenvolvimento da ferramenta.

“O ecossistema de fé nos EUA, com cerca de 450 mil igrejas e instituições, foi lento para adotar tecnologias digitais no passado. Isso não pode se repetir com a inteligência artificial”, alertou Gelsinger. Para ele, a IA pode ser “uma força para o bem” se for moldada com responsabilidade e visão de futuro. “A Igreja tem a oportunidade de influenciar esse desenvolvimento e usá-lo a seu favor.”

Além do crescimento no uso da IA, o relatório aponta um dado animador: 86% dos líderes entrevistados afirmam que a tecnologia tem fortalecido o senso de comunidade entre os fiéis. Para Kenny Wyatt, CEO da Pushpay, essa percepção representa uma mudança significativa.

“O State of the Church Tech 2025 não traz apenas números — ele revela uma transformação na mentalidade dos líderes religiosos”, afirmou. “As igrejas estão entendendo que a tecnologia não substitui os relacionamentos humanos, mas pode ser uma aliada poderosa para aprofundá-los e expandi-los.”

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