O governo brasileiro oficializou sua adesão à ação movida pela África do Sul na Corte Internacional de Justiça (CIJ), que acusa Israel de genocídio na Faixa de Gaza. A confirmação foi feita pelo chanceler Mauro Vieira em entrevista à rede Al Jazeera durante a Cúpula do BRICS, indicando que o Brasil se unirá formalmente ao processo.
A decisão representa um passo além do apoio diplomático anterior, marcando o ingresso jurídico do Brasil na causa, ao lado de países como Turquia, Chile, Irlanda e Colômbia. Segundo o ministro, os últimos desdobramentos da guerra entre Israel e Hamas motivaram a mudança de postura. O pedido teria partido da Autoridade Nacional Palestina.
Reações e polarização
A iniciativa do presidente Lula foi rapidamente criticada por líderes evangélicos e conservadores. O deputado federal e pastor Marco Feliciano (PL-SP) denunciou o que chamou de “viés político claro” no processo, lembrando que a denúncia ignora o ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023. “Israel apenas retaliou o monstruoso ataque. Acusar o país de genocídio é distorcer a verdade histórica”, afirmou Feliciano em artigo no Pleno News.
Para ele, o governo petista está rompendo com a tradição judaico-cristã do Brasil e se alinhando a ditaduras marxistas. “A quem o governo tenta agradar? Não ao povo livre, nem à nossa herança de fé”, disparou.
Crise diplomática agravada
A relação Brasil-Israel já atravessa um dos piores momentos da história recente. Em fevereiro, Lula foi declarado persona non grata por Israel após comparar a ofensiva militar de Gaza ao Holocausto nazista. A crise provocou a retirada do embaixador brasileiro e a suspensão de contratos de compra de equipamentos militares israelenses.
Agora, com a entrada formal do Brasil na ação da CIJ, o clima de tensão diplomática se intensifica. Internamente, setores do Itamaraty cogitam até o rompimento das relações, mas esbarram em obstáculos econômicos, diplomáticos e humanitários.
Decisão polêmica e sem consenso
A Corte Internacional de Justiça já havia emitido uma ordem cautelar exigindo que Israel tomasse medidas imediatas para prevenir o genocídio. Apesar disso, há denúncias de que o país estaria ignorando parte das determinações, agravando a crise humanitária.
A participação brasileira amplia o isolamento de Israel na arena internacional, mas também gera forte divisão no país, especialmente entre cristãos evangélicos, que veem a ação como um ataque direto ao Estado judeu.
A adesão formal será registrada em ata e deve ser oficializada nas próximas semanas, segundo fontes do Itamaraty.