O pequeno Khristopel, de apenas oito anos, perdeu a vida de forma brutal e comovente em 26 de maio, após ser espancado por colegas mais velhos dentro da escola onde estudava, em uma cidade não identificada da Indonésia. O motivo? Sua fé cristã.
Chamado carinhosamente de Khris, o menino era uma das poucas crianças cristãs em sua escola primária. Amável, sonhador e conhecido por sua generosidade, Khris gostava de andar de bicicleta, brincar com sua irmã mais nova, Mika, e ajudar a mãe nas tarefas domésticas. Seu maior desejo era se tornar um soldado para proteger os vulneráveis — um sonho interrompido de forma trágica.
Sinais ignorados e o início da tragédia
De acordo com Gimson, pai do garoto, os primeiros sinais de que algo estava errado surgiram uma semana antes da morte. Khris chegou em casa com a roupa suja de terra e o pneu da bicicleta furado. Alegou ter caído, mas revelou que um colega havia furado o pneu com uma agulha. Apesar da explicação, o comportamento inquieto e o desconforto do menino chamaram a atenção do pai.
Nos dias seguintes, Khris começou a sentir fortes dores abdominais, febre e dificuldades para caminhar. A princípio, a família pensou se tratar de um problema de saúde comum. Mas a verdade, cruel e chocante, logo viria à tona.
Um colega de classe revelou que Khris vinha sendo constantemente provocado por causa de sua fé. Em uma das agressões verbais, os agressores zombaram:
“Seu Deus, Jesus, tem cabelo comprido! Ele parece esquisito!”
Khris, mesmo tão jovem, reagiu com firmeza, defendendo aquilo que considerava sagrado. Foi então que os ataques físicos começaram. O menino sofreu golpes nas costas, ombros e cabeça, além de uma joelhada violenta na região do abdômen.
Luta pela vida
Diante da gravidade da situação, Gimson procurou os pais dos agressores e a direção da escola. Segundo ele, os responsáveis admitiram o ocorrido e prometeram ajudar na recuperação do garoto. Mas já era tarde.
Khris foi levado ao hospital às pressas. Os médicos constataram uma grave infecção no plexo solar — uma região sensível do abdômen — e uma hemorragia interna. O menino passou a vomitar sangue.
Às 2h10 da madrugada do dia 26 de maio, Khris faleceu — exatamente sete dias após a agressão.
O corpo foi submetido a uma autópsia, e o caso segue sob investigação das autoridades locais. A comoção nacional levou a organização cristã Missão Portas Abertas a acompanhar o caso de perto e prestar apoio à família.
Uma dor sem medida
A mãe de Khris tem enfrentado o luto com gestos de amor e fé:
“Ainda passo suas roupas e canto louvores como antes. Pode parecer que estou bem, mas por dentro estou despedaçada. Eu trocaria toda a ajuda que recebemos por apenas mais um dia com ele.”
O pai também expressou sua dor:
“Ele era um menino bondoso, lindo. Nunca quis ser um peso. Só queria servir. O sonho dele de ser soldado se foi.”
Mesmo devastados, os pais encontraram forças para agradecer o apoio que têm recebido da comunidade cristã local:
“Obrigado por virem até aqui para nos ajudar e apoiar. Por favor, orem para que encontremos forças para aceitar essa realidade. Esperamos que nosso filho, Khris, seja lembrado por muitos e que uma tragédia como essa nunca mais aconteça.”
A perseguição silenciosa
A Indonésia é o país com a maior população muçulmana do mundo. Embora reconheça oficialmente seis religiões — entre elas o cristianismo —, o país ainda enfrenta sérios problemas de intolerância religiosa em diversas regiões. Casos como o de Khris não são isolados.
Segundo a Missão Portas Abertas, que atua no apoio a cristãos perseguidos em mais de 60 países, a Indonésia ocupa atualmente a 42ª posição na Lista Mundial da Perseguição 2025. Nas regiões onde o islamismo é mais rigoroso, cristãos enfrentam exclusão, violência e, muitas vezes, total negligência por parte das autoridades escolares e governamentais.
A morte de Khris não pode ser apenas uma estatística. Sua memória precisa ecoar como um alerta — e um clamor — por justiça, liberdade religiosa e dignidade para as crianças cristãs que enfrentam bullying e violência simplesmente por crerem em Jesus.