Fé que resiste: Evangélicos mantêm vivas práticas cristãs na Suíça em meio à decadência religiosa

 Novo relatório oficial destaca crescimento da espiritualidade entre cristãos evangélicos, apesar do avanço da secularização

Imagem/Pixabay


Em um cenário europeu marcado pela queda na religiosidade e pelo aumento de pessoas sem fé declarada, os cristãos evangélicos da Suíça estão nadando contra a corrente. É o que revela o relatório "Religiosidade e Espiritualidade na Suíça (2024)", divulgado em 24 de junho pelo Escritório Federal de Estatística da Suíça (SFSO).

Diferente das principais tradições religiosas do país — que vêm perdendo membros e influência social — os evangélicos não apenas mantiveram, como intensificaram práticas como frequência aos cultos, oração e leitura bíblica. Segundo a Réseau évangélique suisse (RES), que representa cerca de 250 igrejas evangélicas na parte francófona da Suíça, essa é a primeira vez que o segmento evangélico aparece com destaque em um levantamento oficial do governo.

“É encorajador ver que, mesmo em uma sociedade cada vez mais secular, há homens e mulheres que permanecem firmes na fé e na Palavra de Deus”, afirmou a entidade em nota.

Evangélicos se destacam no cenário religioso

Enquanto o número de católicos e reformados cai, os evangélicos representam hoje 6% da população, com índices superiores de prática e envolvimento:

  • 30,3% participam de cultos semanalmente (a maior taxa entre os grupos cristãos);
  • 45% leem regularmente livros ou artigos religiosos;
  • A oração mensal cresceu 7% entre os evangélicos;
  • Jovens evangélicos entre 15 e 24 anos também puxaram a média de leitura espiritual para cima.

Esse crescimento, segundo o relatório, contrasta fortemente com o declínio observado entre os protestantes reformados (19%) e os católicos (31%).

Um farol de fé em meio à crise espiritual

A RES afirma que esses dados reforçam a relevância do testemunho cristão evangélico em um contexto de crescente indiferença religiosa. A pesquisa ainda mostrou que quase metade dos evangélicos se consideram religiosos e espirituais, número bem superior à média nacional.

Além disso, 51% dos suíços acreditam que “um pensamento mais espiritual beneficiaria a sociedade”, e 50% ainda creem na vida após a morte — evidências de que o coração humano continua sedento por respostas espirituais, mesmo em uma cultura pós-cristã.

Herança histórica e missão atual

A Suíça, berço da Reforma Protestante com nomes como João Calvino e Ulrico Zuínglio, vive hoje um paradoxo: embora tenha uma das histórias cristãs mais ricas da Europa, enfrenta declínio religioso acelerado, especialmente nas grandes cidades.

Mesmo assim, os evangélicos seguem firmes em sua missão.

“Esses dados mostram que, mesmo em um ambiente secularizado, ainda há espaço para uma fé viva, prática e transformadora”, conclui a nota da RES.

A pesquisa foi realizada dentro do programa ELRC (Pesquisa de Língua, Religião e Cultura), e ocorre a cada cinco anos na Suíça. A edição 2024 traz não apenas estatísticas, mas um retrato profundo da nova geografia espiritual do país — onde os evangélicos seguem acendendo luzes em meio à escuridão.

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