A HBO voltou a provocar controvérsia — e desta vez, justamente na semana do Dia das Mães. No episódio mais recente de The Last of Us, a protagonista Ellie, uma personagem lésbica vivida por Bella Ramsey, reage à notícia da gravidez de sua companheira com a frase: “Vou ser pai.” A declaração, feita em tom aparentemente casual, acendeu um novo incêndio nas redes sociais e entre grupos religiosos, reacendendo debates sobre identidade de gênero, representatividade LGBTQIA+ e o suposto "ativismo cultural" promovido por grandes estúdios.
A cena, inspirada no jogo The Last of Us Part II, mostra Dina (Isabela Merced), atual namorada de Ellie, revelando que está grávida do ex-namorado Jesse. O momento que poderia ser tratado com sensibilidade ou conflito é resumido com Ellie — uma mulher cisgênero — se autodeclarando "pai" da criança, em uma fala que muitos consideraram forçada, deslocada e, para alguns críticos, provocativa de propósito.
A polêmica não se deu apenas pelo conteúdo, mas pelo timing: a exibição da cena ocorreu dias antes do Dia das Mães, uma das datas mais simbólicas para a valorização da figura materna. Para muitos telespectadores, a escolha foi um gesto deliberado de confronto à tradição. “Isso não é apenas narrativa, é provocação”, escreveu um internauta.
Grupos cristãos e perfis conservadores classificaram o episódio como mais uma tentativa da indústria de “dissolver os papéis de gênero” e denunciaram o que consideram um padrão de “doutrinação ideológica” disfarçada de entretenimento. A série já havia sido alvo de críticas anteriormente, quando exibiu o beijo entre Ellie e Dina em um episódio anterior.
A atriz Isabela Merced minimizou a controvérsia ao comentar a gravação com naturalidade: “Tudo parecia tão terno naquele dia. Bella e eu estávamos tão à vontade uma com a outra. E também, nós duas temos experiência em relacionamentos queer”, disse à Variety.
Bella Ramsey, que se identifica como não binária, já havia pedido ao público para não se referir a ela como “jovem mulher”, embora tenha defendido em 2023 a manutenção de categorias de premiação separadas por sexo. Uma contradição que, para alguns críticos, escancara as tensões internas do discurso de identidade de gênero.
O detalhe mais irônico, segundo internautas, é que antes de alcançar a fama, Bella Ramsey usava um canal no YouTube para falar sobre fé cristã e recitar a Bíblia — o que torna sua guinada artística ainda mais polêmica aos olhos de ex-seguidores.
Para apoiadores da representatividade queer na TV, o episódio é um avanço. Para outros, é mais um exemplo de como Hollywood reformula símbolos tradicionais — como o papel de mãe — com uma agenda ideológica que atropela o bom senso e a pluralidade de pensamento.