DJ do Funk "renuncia ao mundo" e abandona carreira com sermão religioso: "Larguei o prazer pela cruz"

 Em um ato que dividiu opiniões e acendeu debates sobre fé, liberdade artística e moralismo, a DJ Japa — nome artístico de Keylla Kawano — anunciou ao vivo o fim da própria carreira no funk para “seguir Jesus”. O anúncio aconteceu durante seu último show, no dia 30 de abril, transformado num culto improvisado com direito a pregação, pedido de perdão e convite ao arrependimento.

“Larguei o que dava prazer por um amor que me preenche de verdade”, declarou Keylla no Instagram, encerrando de forma abrupta uma trajetória de oito anos nos bailes e eventos noturnos. “Fui libertada do som que distraía para ouvir a voz que transforma.” A fala, aplaudida por religiosos, foi vista por parte do público como um ataque velado à cultura do funk, com o discurso típico de quem agora “renega o passado”.

No palco, a ex-artista assumiu o microfone para evangelizar os fãs, afirmando que sentia um vazio mesmo em meio ao sucesso, à fama e às amizades. “Eu sou realmente rica daquilo que o dinheiro não compra. Mas senti um vazio que só Jesus me preencheu”, disse, antes de concluir que renunciava aos palcos por orientação direta do Espírito Santo.

O episódio gerou grande repercussão nas redes sociais. De um lado, houve quem celebrasse a “libertação” da artista e a coragem de abandonar uma carreira secular. Do outro, fãs e críticos apontaram o risco de demonização da música periférica e alertaram para a mensagem subliminar de que a cultura popular seria “pecaminosa” por natureza. 

“Ela está dizendo que o funk era um desvio espiritual. Isso não é conversão, é apagamento cultural”, comentou um internauta.

Sem citar religiões específicas, DJ Japa afirmou que não falava de “placa de igreja”, mas de transformação pessoal. Ainda assim, a estrutura do show final parecia mais com um culto do que com um evento musical: ela chamou ao palco o líder de jovens de sua igreja, que pregou e orou pelo público, convidando todos a aceitarem Jesus.

“Eu sei que Deus tem planos maiores”, afirmou Japa, acrescentando que está "ganhando tudo" ao abrir mão da fama. Em tom messiânico, a ex-funkeira ainda pediu perdão a quem, segundo ela, possa ter magoado com sua antiga carreira — como se tivesse algo a se redimir artisticamente.

Para muitos, o discurso da artista escorrega para um moralismo travestido de testemunho, reforçando a ideia de que sucesso na música e fé cristã não podem coexistir. Para outros, é simplesmente o relato de uma mulher que fez uma escolha pessoal. Mas o que ninguém nega é que a renúncia pública, com forte carga simbólica, gerou um rastro de interpretações e polêmicas.

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