O Partido dos Trabalhadores resolveu mirar seu novo projeto político diretamente no público evangélico – um eleitorado que historicamente rejeita o petismo. Mas a tentativa não passou batida. Durante o programa O Grande Debate, na CNN Brasil, exibido na segunda-feira, 12 de maio, o comentarista Caio Coppolla não poupou críticas e chamou a nova estratégia do PT de oportunismo religioso.
Segundo Coppolla, a empreitada é fadada ao fracasso, já que o partido “não tem ligação real com os valores cristãos”. Para ele, a sigla de Lula tenta instrumentalizar a fé como tática eleitoral, em um movimento que beira o cinismo. Em sua análise, Coppolla apelou à Bíblia – algo incomum no ambiente político-midiático – e leu versículos que, em sua visão, denunciam comportamentos associados à esquerda, como corrupção, mentira e idolatria ao Estado.
“Será que o PT encontrou Jesus? Não. O PT encontrou um obstáculo para tomar o poder: a fé cristã”, cravou o comentarista, ironizando o repentino interesse petista pelo segmento evangélico.
Em um dos trechos mais incisivos, Coppolla relembrou os escândalos de corrupção que marcaram os governos petistas, citando o histórico judicial do ex-presidente Lula, cujas condenações foram anuladas pelo STF, mas não esquecidas por parte da população. Ele disparou: “Um partido manchado pela corrupção, comandado por um líder que faz da mentira um hábito, nunca, jamais encontrará abrigo entre o povo de Deus”.
A crítica também foi direcionada ao atual vice-presidente, Geraldo Alckmin, que em passado recente fazia duras acusações contra Lula, mas hoje compartilha o palanque com o petista. Para Coppolla, isso escancara a incoerência da tentativa de aproximação com o eleitorado cristão.O curso promovido pelo PT, intitulado “Fé e Democracia para Evangélicos e Evangélicas”, será lançado ainda este mês em São Paulo, segundo a CNN. O evento terá a participação de lideranças religiosas ligadas ao partido, como a deputada federal Benedita da Silva (PT-RJ), e está sendo coordenado pela Fundação Perseu Abramo, braço ideológico do PT.
A iniciativa surge em meio a uma rejeição crescente do eleitorado evangélico ao governo Lula. Dados recentes do Instituto Datafolha revelam que 49% dos evangélicos consideram a gestão petista ruim ou péssima, enquanto apenas 19% aprovam. A nova ofensiva do PT, portanto, parece mais uma tentativa desesperada de domar uma base que, até aqui, resiste firmemente à narrativa de esquerda.
A movimentação faz parte do projeto de poder do partido mirando 2026. Desde o ano passado, o PT vem tentando se infiltrar no universo cristão com vídeos, cartilhas e militantes religiosos treinados para suavizar a imagem do partido diante dos fiéis. Para críticos, trata-se de uma operação de marketing político disfarçada de diálogo religioso. A pergunta que ecoa é: os evangélicos vão cair nessa?