Pastor é demitido após sugerir em artigo que Bíblia mentiu sobre Judas

Imagem: Divulgação

 Uma tempestade teológica se instalou no meio evangélico após a publicação de um artigo polêmico no jornal Folha de S.Paulo, no último dia 17 de abril. No texto, intitulado “Judas traiu Jesus ou Jesus traiu Judas?”, o pastor e teólogo Valdinei Ferreira propõe uma releitura explosiva da figura de Judas Iscariotes — e o resultado foi imediato: sua demissão da Faculdade de Teologia da Igreja Presbiteriana Independente do Brasil (Fatipi), em São Paulo.

A repercussão foi intensa. No artigo, Ferreira, que tem doutorado em Sociologia pela USP e é conhecido por suas abordagens revisionistas, sugeriu que Judas poderia ter agido não como um vilão, mas como alguém que atendeu a um pedido do próprio Jesus, para cumprir um propósito maior. A teoria, inspirada em textos apócrifos e no pensamento do teólogo francês Jean-Yves Leloup, foi vista por muitos como uma afronta direta à narrativa bíblica tradicional dos evangelhos canônicos, um verdadeiro tabu entre cristãos conservadores.

Apesar da Fundação Eduardo Carlos Pereira (FECP), mantenedora da Fatipi, afirmar que o desligamento foi fruto de uma “avaliação regular”, fontes ligadas à comunidade acadêmica indicam que a decisão teria sido motivada pela forte pressão de líderes e fiéis indignados com o conteúdo do artigo. O caso ganhou ainda mais força nas redes sociais, onde influenciadores evangélicos, como Filipe Sabará, amplificaram a polêmica com críticas incisivas à publicação.

Ferreira não ficou calado. Em suas redes sociais, disse que sua saída foi consequência direta da "deturpação de seu texto" e que jamais teve a intenção de contradizer a fé cristã, mas sim provocar uma reflexão mais profunda sobre personagens muitas vezes demonizados sem questionamento.

Essa não é a primeira vez que o pastor desafia o pensamento dominante dentro do meio reformado. Em 2022, causou alvoroço ao comparar o culto às armas de fogo à pornografia, em outro artigo que também provocou reações intensas entre evangélicos.

Em resposta à demissão, alunos da Fatipi publicaram uma carta pública em apoio ao professor, elogiando sua trajetória acadêmica e sua coragem em tratar temas complexos com profundidade e respeito.

Até o momento, a Igreja Presbiteriana Independente do Brasil mantém silêncio absoluto sobre o caso. Também não se sabe se há espaço para uma reavaliação da decisão por parte da instituição.

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