Entregar Bíblias — um gesto de fé e esperança — custou caro a um grupo de cristãos na China. Nove pessoas foram condenadas na região da Mongólia Interior por compartilhar exemplares das Escrituras Sagradas fora dos canais aprovados pelo governo. A pena mais dura foi imposta a Wang Honglan: quase cinco anos de prisão e uma multa equivalente a R$ 700 mil.
Os jornais oficiais chamam de “operações comerciais ilegais”. Mas para os réus, era uma missão espiritual: ampliar o acesso à Palavra de Deus. As Bíblias eram impressas legalmente em Nanjing, mas a distribuição aconteceu por meio de uma igreja doméstica não reconhecida pelo Estado — o que, na China, é o suficiente para transformar evangelismo em crime.
Segundo o portal Bitter Winter, especializado em liberdade religiosa na Ásia, o Tribunal de Hohhot Huimin julgou o caso, iniciado com prisões em abril de 2021. A decisão, datada oficialmente de 20 de novembro de 2024, foi comunicada às famílias apenas neste mês.
Além de Wang Honglan, outros cristãos também receberam sentenças severas:
- Wang Jiale e Liu Minna: 4 anos e 6 meses de prisão + multa de ¥200 mil (US$ 27.500) cada.
- Yang Zhijun: 4 anos e 3 meses + multa de ¥150 mil (US$ 20.500).
- Ji Heying, Ji Guolong, Zhang Wang e Liu Wei: 3 anos cada + multas de ¥20 mil (US$ 2.700).
- Li Chao: 1 ano + multa de ¥5.000 (US$ 685).
A cristã Ban Yanhong, também envolvida no grupo, foi condenada separadamente em abril de 2024 a 5 anos de prisão. Tanto ela quanto Wang Honglan já haviam sido presas por sua fé anteriormente. Wang chegou a passar por um campo de trabalho forçado.
Durante o julgamento, os acusados insistiram: não havia fins lucrativos. Compravam os exemplares por 95% do valor de capa e revendiam por apenas 75%. O objetivo era claro: espalhar a mensagem do Evangelho.
O governo chinês, no entanto, tem apertado o cerco contra expressões religiosas fora do controle estatal. O grupo se recusou a integrar o Movimento Patriótico das Três Autonomias, órgão protestante ligado ao Partido Comunista — uma escolha que, segundo a International Christian Concern, motivou a repressão.
E a situação tende a piorar. A partir de 1º de maio de 2025, novas regras proibirão missionários estrangeiros de pregar, distribuir materiais religiosos ou fundar igrejas sem aprovação formal do governo chinês. Até mesmo cidadãos não chineses vivendo no país estarão proibidos de evangelizar ou arrecadar doações.
Essa política de repressão está inserida no processo de "sinicização da fé", que busca submeter todas as práticas religiosas à ideologia do Partido. Pregações só serão permitidas com convite oficial e conteúdo previamente revisado.
Enquanto o mundo observa, a pergunta ecoa: em que ponto distribuir a Bíblia se tornou uma ameaça à segurança nacional? Para esses cristãos, a prisão não é o fim — mas o preço de permanecerem fiéis à sua missão. E para milhões ao redor do mundo, seus nomes se tornam símbolo de resistência e fé inabalável.
Fonte e Imagem: www.bibliatodo.com