Imagine estar na igreja para adorar a Deus e, de repente, perceber que algumas cadeiras na frente são reservadas apenas para celebridades, empresários e influenciadores. Você acharia justo? A polêmica das áreas VIP em igrejas evangélicas de bairros nobres está incendiando as redes sociais, levantando questões sobre igualdade dentro dos templos.
Na Igreja Lagoinha de Alphaville, em Barueri (SP), um seleto grupo tem direito a estacionamento privativo, buffet exclusivo e corredores reservados até uma área especial próxima ao altar. Já na Boas Novas Church, em Belo Horizonte, a seção premium do culto de Ano-Novo ofereceu banheiros exclusivos, tira-gostos e um jantar refinado.
A discussão explodiu após a influenciadora Maíra Cardi divulgar vídeos mostrando os bastidores da Lagoinha. As imagens revelaram um ambiente digno de camarins de celebridades, com bufê e acesso restrito. A repercussão forçou o pastor André Valadão a se pronunciar, justificando que algumas figuras públicas não podem frequentar cultos normalmente por questões de segurança e privacidade.
Mas será que esse modelo de igreja está se distanciando dos princípios bíblicos? O cientista político Vinicius do Valle aponta que esse fenômeno reflete a nova abordagem de algumas igrejas neopentecostais, que buscam atrair fiéis de alta renda com uma experiência diferenciada – desde ambientes mais sofisticados até a adoção de termos em inglês, como “church”.
Nem todos aceitam essa prática. O pastor Eduardo Reis, da Reino Church, criticou duramente a separação de fiéis dentro da igreja, alegando que o templo não deve seguir a “lógica do privilégio”. Na Assembleia de Deus Vitória em Cristo, do pastor Silas Malafaia, embora políticos e figuras públicas sejam recebidos em uma antessala antes do culto, a criação de áreas VIP é descartada.
Diante da repercussão negativa, algumas igrejas tentam suavizar a polêmica. A Lagoinha, por exemplo, criou uma área vip para voluntários, oferecendo serviços como massagem e maquiadores para aqueles que trabalham nos cultos.
Mas a pergunta que fica é: a casa de Deus deve ter setores exclusivos para quem pode pagar mais? A polêmica continua e promete render muito debate entre os cristãos.
Área vip na Igreja Lagoinha de Alphaville, em São Paulo — Foto: Guilherme Queiroz