O Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) determinou um prazo de 48 horas para que a Prefeitura de Corupá entregue as imagens da câmera de segurança da sala onde uma bebê de 5 meses sofreu uma queda de um trocador em uma creche municipal. Também foi solicitado o envio das gravações das áreas próximas, com a melhor resolução possível.
De acordo com o promotor de Justiça Rafael Meira Luz, a medida busca esclarecer se houve falha no dever de cuidado por parte do município. “A proteção da infância é prioridade absoluta. O intuito é garantir a apuração rigorosa dos fatos e a responsabilização de eventuais omissões”, afirmou.
A apuração do caso teve início por meio de uma notícia de fato — procedimento preliminar utilizado para investigar possíveis atos de omissão ou negligência relacionados ao atendimento da criança após o acidente.
Posicionamento da prefeitura
Após a repercussão do caso, a Prefeitura de Corupá informou que as gravações das câmeras de monitoramento estão disponíveis para as autoridades competentes, desde que haja solicitação oficial. A administração municipal também lamentou o ocorrido e garantiu que está prestando assistência à família desde que a direção da creche tomou conhecimento da situação.
Além disso, foi instaurado um processo administrativo interno para apurar eventuais responsabilidades. “Caso seja constatada qualquer negligência, os responsáveis serão devidamente punidos, conforme prevê a legislação”, destacou a nota divulgada pela prefeitura.
Entenda o caso
A queda ocorreu na sexta-feira, 30 de maio. A bebê, de apenas cinco meses, sofreu uma fratura no crânio após cair de um trocador na creche onde estava matriculada, em Corupá, no Norte de Santa Catarina. Ela foi levada ao hospital e recebeu alta dois dias depois, no domingo (1º).
Familiares alegam omissão de socorro por parte da instituição e questionam a conduta da professora que se encontrava na sala no momento do acidente. O avô da criança, Adolar Wackerhage, afirma que a bebê caiu enquanto uma auxiliar trocava sua fralda e a professora conversava na porta da sala.
“Eu vi as imagens da câmera de segurança e a professora teve uma postura fria, como se tivesse caído uma toalha. Só foram perceber o galo duas horas depois. Foi a terceira professora que viu e avisou a direção, daí avisaram a minha nora. Até então, ninguém tinha feito nada”, relatou Wackerhage.
Segundo ele, a criança só foi levada ao hospital horas depois do ocorrido. Inicialmente, ela recebeu dipirona no pronto atendimento e foi liberada. No entanto, a família percebeu que a bebê apresentava sonolência incomum e insistiu por exames mais detalhados. Um raio-X revelou uma fratura de aproximadamente 10 centímetros no crânio, o que levou à internação para observação no Hospital Jaraguá.
Apesar da gravidade, a bebê não apresentou sequelas até o momento. “Foi um erro, que a gente também pode cometer em casa. Queremos que coloquem proteção no local, para que isso nunca mais aconteça, mesmo que alguém falhe”, desabafou o avô.
Investigações em andamento
A família registrou boletim de ocorrência tanto em Jaraguá do Sul quanto na delegacia de Corupá. A Polícia Civil já está atuando no caso, coletando depoimentos e solicitando as imagens de segurança para esclarecer os fatos.
O avô também expressou preocupação quanto ao futuro da neta no ambiente escolar. “Eu e minha ex-esposa estávamos conversando sobre o medo que fica. A vida vai seguir. Mas, por causa da omissão, isso é crime”, concluiu.
Fonte: ND+