Manuscritos do Mar Morto podem ser mais antigos do que se pensava, aponta novo estudo com uso de inteligência artificial

 Um dos maiores tesouros da arqueologia bíblica voltou ao centro das atenções. Um estudo recente, conduzido por pesquisadores da Holanda, Itália e Dinamarca, trouxe novas revelações sobre a idade dos Manuscritos do Mar Morto, sugerindo que esses documentos sagrados podem ter sido escritos muito antes do que se acreditava até hoje.

Os pergaminhos atraíram grande interesse de estudiosos e do público em geral desde a sua descoberta. (Captura de tela/Fox News)

Publicado no último dia 4 de junho, na revista científica PLOS One, o estudo combina tecnologia de ponta e ciência histórica para revisar a cronologia dos manuscritos.

O grande diferencial da pesquisa é o uso de um modelo de inteligência artificial, desenvolvido especialmente para a tarefa. Nomeado Enoque, em referência ao patriarca bíblico, o sistema foi treinado para estimar datas a partir do estilo de caligrafia dos textos. Segundo os autores, Enoque "foi treinado como um modelo de previsão de data baseada em aprendizado de máquina aplicando a regressão de cume bayesiana em descritores estabelecidos no estilo de caligrafia".

A IA analisou padrões detalhados na escrita dos pergaminhos, cruzando as informações com dados obtidos por meio de datação por radiocarbono. Os resultados surpreenderam: muitos textos podem ser uma geração mais antigos do que se supunha anteriormente.

Antes, estudiosos acreditavam que os manuscritos foram escritos entre 150 e 50 a.C. Agora, com as novas análises, a data pode retroceder para cerca de 200 a.C.. Isso pode mudar a forma como entendemos parte importante da tradição judaica antiga.

O artigo destaca: “As previsões baseadas em estilo feitas por Enoch são frequentemente mais antigas do que as estimativas paleográficas tradicionalmente aceitas, levando a uma nova cronologia dos pergaminhos e à redatação de textos-chave do judaísmo antigo, que contribuem para os debates atuais sobre as origens do judaísmo e do cristianismo”.

A maioria dos pergaminhos foram encontrados em cavernas do deserto perto do Mar Morto nas décadas de 1940 e 1950. (Foto: Shai Halevi, Autoridade de Antiguidades de Israel)

Além disso, os autores reforçam que “não há razões paleográficas ou históricas convincentes que impeçam essas datas mais antigas de serem consideradas marcos temporais confiáveis”.

Os Manuscritos do Mar Morto foram descobertos entre as décadas de 1940 e 1950, em cavernas próximas ao Mar Morto, e são considerados um marco na compreensão do judaísmo do período do Segundo Templo. Desde então, seguem sendo objeto de pesquisas intensas e fascínio do público.

Recentemente, em 2021, novas descobertas trouxeram à tona fragmentos inéditos. Já em abril deste ano, a Biblioteca Presidencial Ronald Reagan, nos Estados Unidos, exibiu uma coleção rara com oito manuscritos antigos, reacendendo o interesse global por esse patrimônio milenar.

A nova cronologia proposta pelo modelo Enoque pode abrir caminhos para reinterpretações históricas e teológicas sobre as raízes da fé judaico-cristã — e mostra como a ciência moderna pode lançar nova luz sobre os textos mais antigos da humanidade.

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