Pressão popular faz conselho inglês recuar e desistir de proibir pregação nas ruas

 Após intensa mobilização de igrejas, líderes religiosos e políticos conservadores, o Conselho Municipal de Rushmoor, no sul da Inglaterra, decidiu retirar uma proposta que buscava restringir a pregação cristã nas ruas de Farnborough e Aldershot. A medida, que gerou ampla repercussão, foi oficialmente abandonada após semanas de críticas e manifestações públicas.

A proposta havia sido apresentada em março com base na Lei de Comportamento Antissocial, Crime e Policiamento de 2014, e visava coibir atividades como orações públicas, cânticos, distribuição de folhetos religiosos e abordagens evangelísticas em áreas urbanas. O texto sugeria que essas práticas poderiam causar “alarme e angústia” à população e previa punições de até dois anos de prisão para quem descumprisse as regras.

Grupos de defesa da liberdade religiosa, como o Christian Concern e o Christian Legal Centre, alertaram para o risco de criminalização de atos simples de fé, como orar por alguém ou cantar músicas natalinas em público. “A liminar ameaçava transformar práticas cristãs básicas em atos ilegais”, declarou o Christian Legal Centre.

A proposta gerou indignação entre pregadores locais. Sally McGuinness, que atua há mais de 15 anos na região, relatou ter tentado diálogo com o conselho, sem sucesso. Em reunião realizada em 23 de abril, ela desabafou: “A ameaça de criminalização pesou muito sobre mim. O conselho ignora todo o bem que o evangelho tem feito aqui”.

A audiência contou ainda com a presença de pastores evangélicos, um vigário anglicano e até um capelão do Exército Britânico. Todos reforçaram que a proposta poderia abrir um precedente perigoso contra a livre manifestação de fé no espaço público. “Essas restrições vão contra séculos de tradição cristã neste país”, disse o pregador Jamie Broadey.

Diante da pressão crescente, o Conselho de Rushmoor voltou atrás. Em nota divulgada no sábado, 10 de maio, a diretora executiva do Christian Legal Centre, Andrea Williams, comemorou a vitória: “O Evangelho nunca foi silenciado pela oposição — ao contrário, essas situações apenas fortalecem a Igreja. Esta foi uma demonstração clara de união e fé”.

O líder do conselho, Gareth Williams, admitiu que o diálogo com a comunidade cristã local foi fundamental para a revisão da proposta. Em vez de uma liminar judicial, o órgão agora considera adotar um código de conduta voluntário, com o objetivo de orientar a pregação nas ruas sem cercear liberdades fundamentais.

Para o vereador conservador Gareth Lyon, um dos principais defensores dos pregadores desde o início do caso, o recuo representa uma vitória para a liberdade de expressão e religiosa. Já os líderes cristãos esperam que o conselho peça desculpas formais e garanta que medidas semelhantes não voltem a ser propostas.

Entre os pontos mais polêmicos da proposta estavam a proibição de impor as mãos sobre alguém durante a oração — mesmo com consentimento — e a censura de mensagens consideradas “hostis” com base na Lei da Igualdade, que protege características como identidade de gênero, religião e orientação sexual. Em um dos relatos que embasaram a proposta, uma pessoa afirmou que seu filho transgênero se sentiu inseguro ao ouvir uma pregação nas ruas.

Uma nova reunião entre representantes do conselho e líderes religiosos está marcada para as próximas semanas. O objetivo é buscar um entendimento que respeite tanto a liberdade de culto quanto o bem-estar coletivo.

“Bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o Reino dos Céus.” (Mateus 5:10)

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