Papa Leão XIV defende papel da família como base da paz social em primeiro discurso sobre temas sociais

Imagem/Divulgação

 Em um discurso carregado de simbolismo e firmeza doutrinária, o papa Leão XIV fez nesta sexta-feira (16) sua primeira declaração oficial sobre questões sociais desde que assumiu o papado, deixando clara sua intenção de reafirmar pilares tradicionais da Igreja Católica. Diante de representantes diplomáticos de diversos países, reunidos no Vaticano, o pontífice destacou a centralidade da família como fundamento essencial para sociedades estáveis e pacíficas.

É responsabilidade dos governantes trabalhar para construir sociedades civis harmoniosas e pacíficas. Isso pode ser alcançado, acima de tudo, investindo na família, fundada na união estável entre um homem e uma mulher”, afirmou o papa, em tom solene, durante a audiência com os embaixadores.

A declaração foi interpretada como um gesto claro à ala conservadora da Igreja e uma reafirmação da doutrina católica tradicional, que reconhece o casamento apenas entre um homem e uma mulher. Essa foi a primeira vez que o pontífice, nascido Robert Prevost, falou publicamente sobre o matrimônio desde sua eleição.

Leão XIV, um cardeal norte-americano originário de Chicago, ganhou destaque por seu trabalho como missionário da Ordem de Santo Agostinho no Peru, onde atuou por décadas. Embora já tivesse manifestado, em ocasiões anteriores, posições contrárias à legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo, seu pronunciamento desta sexta evitou menções diretas à comunidade LGBTQIA+.

A fala marca um contraste de tom em relação a seu antecessor, o papa Francisco, que, embora mantivesse a doutrina tradicional, buscava uma abordagem pastoral mais acolhedora. Francisco autorizou em 2023 a bênção a casais homoafetivos e frequentemente se pronunciava de forma compassiva sobre temas ligados à diversidade.

Leão XIV também não evitou temas polêmicos: reiterou a rejeição da Igreja ao aborto e reforçou o compromisso da instituição com a defesa da vida desde a concepção. Ao mesmo tempo, fez questão de sublinhar o papel da liberdade religiosa e do diálogo inter-religioso como caminhos para a paz mundial.

Durante sua fala, o papa trouxe um tom pessoal ao tratar da crise migratória global, evocando sua experiência missionária na América Latina. “Todos nós, ao longo de nossas vidas, podemos nos encontrar saudáveis ou doentes, empregados ou desempregados, vivendo em nossa terra natal ou em um país estrangeiro, mas nossa dignidade permanece sempre inalterada. É a dignidade de uma criatura querida e amada por Deus”, declarou, em um apelo à empatia e solidariedade com os migrantes.

Sem mencionar governos ou líderes específicos, o papa condenou o que chamou de “impulso destrutivo de conquista” e apontou para os efeitos nefastos de conflitos armados. “O Oriente Médio e a Ucrânia são dois dos lugares onde as pessoas sofrem mais gravemente”, disse, ao mencionar as regiões mais afetadas por guerras e instabilidade geopolítica.

Encerrando o encontro, Leão XIV destacou a missão inabalável da Igreja de proclamar a verdade, mesmo diante de pressões políticas. “A Igreja não hesitará em usar linguagem direta quando necessário para dizer a verdade aos poderosos do mundo”, afirmou, sob aplausos contidos de uma plateia atenta.

O evento representou um dos primeiros grandes compromissos públicos do novo pontífice, que assumiu o trono de Pedro após a morte de Francisco. O discurso, firme e alinhado às raízes doutrinárias católicas, deixa claro que Leão XIV pretende conduzir a Igreja com clareza moral e convicções sólidas.

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