A velha pergunta "estamos sozinhos no universo?" voltou com força total esta semana. Cientistas detectaram impressões químicas intrigantes na atmosfera do planeta K2-18b, e reacenderam a esperança (e a polêmica) sobre a existência de vida fora da Terra.
Utilizando avançados métodos de espectroscopia, pesquisadores identificaram dois compostos curiosos: o dimetil sulfeto (DMS) e o dissulfeto de dimetila (DMDS) — gases que, em nosso planeta, são produzidos exclusivamente por organismos vivos, como o fitoplâncton marinho. A detecção acendeu o entusiasmo da comunidade científica, mas também provocou reflexões entre líderes cristãos e estudiosos da Bíblia, que veem a questão sob uma ótica teológica.
"Os céus manifestam a glória de Deus"
Para o renomado cientista e escritor Marcos Eberlin, pós-doutor pela Purdue University (EUA), o universo não é apenas uma vastidão aleatória, é uma obra que aponta diretamente para o Criador. "A Bíblia não dá qualquer indicação de que exista vida fora da Terra", afirmou. Segundo ele, a complexidade única de nosso planeta torna a hipótese de vida extraterrestre extremamente improvável por meios naturais.
Eberlin ainda criticou a crença de que a vida poderia ter surgido espontaneamente em outros cantos do cosmos. Para ele, a origem da vida é um fenômeno sobrenatural, como descrito em Gênesis 1:1: "No princípio, Deus criou os céus e a Terra".
Entre a ciência e a fé: visões em choque
O pastor José Ernesto, líder da Igreja Presbiteriana Água Viva em Vitória (ES), comparou a empolgação com a descoberta a uma interpretação precipitada. "É como encontrar uma concha na areia e querer deduzir todo o oceano a partir dela", ironizou. Citando o Salmo 8:3-4, Ernesto defendeu que o ser humano ocupa um lugar central na criação divina e concluiu: "Sim, estamos sozinhos neste imenso universo".
Para ele, debates sobre vida alienígena podem tirar o foco do que realmente importa: a missão de salvação revelada pelo Evangelho. "Especular sobre extraterrestres é desviar os olhos dos planos de Deus para a humanidade", alertou.
Ciência com os pés no chão
Embora a descoberta em K2-18b tenha gerado entusiasmo, cientistas agem com cautela. Análises anteriores de possíveis sinais de vida fora da Terra acabaram não se confirmando. Além disso, apesar de os gases detectados serem, aqui, relacionados a processos biológicos, sua origem alienígena ainda é altamente incerta.
O universo: vasto, mas com propósito
No campo cristão, as opiniões se dividem. O pastor e acadêmico Geraldo Moyses Gazolli Junior, mestre em Ciências da Religião e doutorando em Teologia, pondera que o universo descrito nas Escrituras é imenso e cheio de mistérios. Ele cita Apocalipse 12:10-12 — “alegrai-vos, ó céus, e vós que neles habitais” — como possível evidência de vida espiritual além da Terra.
Gazolli defende que a ideia de Deus criar vida em diferentes partes do universo não diminui o valor da humanidade, mas amplia ainda mais a grandiosidade da criação divina. "Os céus proclamam a glória de Deus, e o firmamento anuncia a obra das suas mãos" (Salmo 19:1), lembrou.
Vida fora da Terra?
Enquanto a ciência busca respostas, e a fé oferece perspectivas eternas, uma coisa é certa: a descoberta no K2-18b não encerra o debate, apenas o torna ainda mais fascinante. E, para muitos, a maior pergunta continua sem resposta: se houver vida além da Terra, como ela se encaixaria no plano soberano de Deus?