“Fui curado na hora que aceitei Jesus”, diz ex-muçulmano que hoje leva o Evangelho a aldeias em Moçambique

Missionário Cássimo Armando: “Alcançar povos, tribos, raças e línguas”. (Foto: Guiame/Adriana Bernardo

 A história de Cássimo Armando é daquelas que parecem roteiro de filme, mas é real – e inspiradora. Moçambicano do sul do país, ele cresceu em uma família muçulmana tradicional, frequentou Madrassa (escola islâmica) e seguiu à risca os costumes da religião. Mas um encontro inesperado com Jesus aos 17 anos mudou tudo: sua fé, sua saúde e seu propósito de vida.

Em entrevista exclusiva ao Guiame, Cássimo compartilhou como uma vida marcada por enfermidades, rituais de curandeiros e sofrimento, foi transformada por uma única decisão: seguir a Cristo.

Infância marcada pela dor e feitiçaria

Cássimo nasceu em uma região onde o Islã e a crença nos curandeiros se entrelaçam. Desde pequeno, ele foi exposto a rituais espirituais para obter cura. Aos 8 anos, desenvolveu uma inflamação na barriga e na garganta que o impedia de falar. A família recorreu aos curandeiros locais, passando por experiências dolorosas e místicas que iam de banhos com sangue de galinha a rituais feitos em cemitérios.

“Lembro-me de ter sido colocado no chão, cercado por sacos e cinzas, que faziam parte de um tipo de tratamento. Alguns cortes no corpo. Minha mãe proferiu algumas palavras para que eu fosse curado, mas aquilo não resolveu. Depois, buscamos outros curandeiros", relembra.

“Eu vivi nessa cultura sem perceber o que realmente era, mas hoje entendo que se tratava de feitiçaria, onde se invocavam divindades", disse ele, que conviveu com a enfermidade por dez anos.

Missionário Cássimo Armando, na Igreja Wesleyana do Tatuapé (SP). (Foto: Guiame/Adriana Bernardo)

O encontro que mudou tudo

Aos 17 anos, Cássimo foi convidado por um missionário brasileiro para uma cruzada evangelística. O que era apenas curiosidade se tornou uma noite decisiva. Ao ouvir o pastor pregar, ele teve a sensação de que sua história estava sendo contada no púlpito.

“O pastor falava e parecia que ele conhecia toda a minha história e tudo o que eu estava passando”, lembra.

Naquele mesmo encontro, entregou sua vida a Jesus: 

“Eu me lembro que estava no chão, chorando muito, e comecei a falar em novas línguas. Eu fui liberto totalmente e completamente. Fui curado, nunca mais tive problema de saúde.”

“Naquele dia, naquele encontro com Jesus, minha vida mudou radicalmente”, afirma com convicção.

Perseguição, fome e fé inabalável

A decisão de seguir a Cristo teve um alto custo. Rejeitado pela própria família, foi expulso de casa, enfrentou frio e fome nas ruas. “Eu via comida no lixo e por causa da fome pensava em comer aqueles restos”, conta. Mesmo sem entender o porquê de tanto sofrimento, ele continuava agradecendo a Deus.

Chamado missionário em meio ao perigo

Hoje com 31 anos, casado com Tina Grece e pai de Alice e Calebe, Cássimo é diácono da Igreja Metodista Wesleyana em Nacala Porto, uma cidade portuária no norte de Moçambique, onde o islamismo ainda é predominante. Ele atua como missionário, visitando aldeias remotas para plantar igrejas, distribuir alimentos e ensinar sobre o Evangelho.

A missão, porém, é marcada por grandes riscos. Em regiões onde o extremismo islâmico tem se intensificado, cristãos são perseguidos, casas são incendiadas e há relatos até de decapitações.

“Foi uma luta, eu fiquei com muito medo naquele lugar. Um mês antes, terroristas haviam invadido. Lá não há energia, e dormimos ao ar livre”, relata sobre uma de suas visitas às aldeias. “Eu pensava: eles podem chegar a qualquer momento. Você ouvir falar desse tipo de situação é uma coisa; viver aquilo é outra.”

Em uma ocasião, ele e o pastor Marllon Santos chegaram a ser presos pela polícia, confundidos com terroristas. Só foram liberados após um líder cristão local esclarecer quem realmente eram. Depois disso, passaram a ser escoltados pela própria polícia como proteção.

“Entramos em todas as aldeias, visitamos, pregamos a Palavra de Deus, entregamos cestas básicas, roupas e colheitas do plantio feito na base”, conta.

Milagres no campo e fé inabalável

Mesmo enfrentando ciclones que destruíram casas e igrejas feitas de barro e palha, a equipe não parou. Com dificuldade de acesso, às vezes passam anos sem conseguir retornar a algumas comunidades. Por isso, distribuem folhas da Bíblia para que as pessoas meditem durante a ausência dos missionários.

Cássimo também testemunha milagres que viveu no campo. “Deus mandou chuva e fez brotar as sementes. Não há nada impossível para Ele”, diz, lembrando de quando semearam milho e gergelim em terra seca e Deus respondeu após orações.

Outra experiência marcante aconteceu durante uma viagem com o carro da missão. Sem saber, andaram por aldeias distantes com o veículo sem freios e com os parafusos das rodas soltos. “Só fomos descobrir quando estávamos em casa.”

“Eu vivi o milagre de Deus de muitas formas”, resume. Também testemunha que já viu comida ser multiplicada pela graça divina.
Foto tirada a 500m de onde em setembro de 2023 ocorreu um ataque islâmico, e a equipe foi confundida com os terroristas. (Foto: Arquivo pessoal)

 A força que vem da oração

Para Cássimo, é a oração que sustenta o trabalho missionário. “Se eu não consigo ir, eu consigo dobrar os joelhos, os joelhos dobrados são o que nos dão forças”, declara.

Nunca podemos desistir do que Deus colocou em nós: alcançar povos, tribos, raças e línguas. Amar, servir e apresentar Cristo.

Se você deseja ser parceiro ou apadrinhar crianças do Projeto Nacala, acesse: missaomocambique.com/nacala ou faça sua doação via Pix: projetonacala@gmail.com

Com informações de Guiame

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