Em meio às crescentes tensões geopolíticas e às incertezas quanto ao futuro da Europa, líderes evangélicos europeus manifestam profunda preocupação com a guerra na Ucrânia. Surpresos, indignados e comovidos, eles clamam por uma solução que passe pela justiça e não apenas por acordos superficiais.
O cossecretário-geral da Aliança Evangélica Europeia (EEA), Jan Wessels, concedeu entrevista ao Evangelical Focus para abordar a posição dos cristãos diante desse conflito devastador.
A EEA, que representa cerca de 23 milhões de cristãos evangélicos na Europa, condenou veementemente a invasão russa da Ucrânia há três anos e tem mobilizado oração e apoio às vítimas do conflito. No entanto, Wessels alerta para um cenário preocupante: "É lamentável que alguns tenham escolhido um caminho que exclui a Ucrânia e a Europa das negociações de paz. O país que é vítima dessa agressão está sendo ignorado. Isso não é justiça. E sem justiça, não haverá paz real".
O líder evangélico destaca que a Ucrânia tem sofrido perdas irreparáveis: vidas ceifadas, infraestrutura devastada e um futuro incerto. "As leis internacionais estão sendo ignoradas, fronteiras reconhecidas globalmente estão sendo desrespeitadas. Isso fere os princípios da justiça e, consequentemente, torna a reconciliação ainda mais difícil", pontua.
Construindo Pontes em Meio ao Caos
Apesar do contexto sombrio, Wessels enfatiza a importância de manter conexões com os cristãos russos, mesmo diante da pressão política e social.
"Nossos irmãos e irmãs russos também sofrem. Queremos que prosperem, que possam compartilhar o Evangelho livremente. Mas, no momento, seremos vistos apenas como opositores da Rússia, o que complica o diálogo".
Na Ucrânia, ainda não há uma Aliança Evangélica formalmente vinculada à EEA, mas os laços com o Conselho de Igrejas Evangélicas Protestantes se fortalecem a cada dia.
"A dor ainda é imensa. Cada dia de guerra significa mais destruição e sofrimento. Falar de reconciliação agora é difícil. O primeiro passo para isso é o fim do conflito e uma paz justa", destaca Wessels.
O Papel da Igreja em Tempos de Crise
Wessels reforça que a missão da igreja é, acima de tudo, defender os vulneráveis e promover a justiça. "Como diz o Salmo 82: 'Defenda a fraqueza e o órfão, defenda a causa dos oprimidos'. Vemos todas as partes sofrendo, mas precisamos nos posicionar ao lado daqueles que são vítimas diretas desse conflito".
A Europa, por sua vez, enfrenta uma discussão interna complexa, com diferentes perspectivas sobre como lidar com a guerra e seus impactos políticos e sociais. A divisão entre cristãos evangélicos também se faz presente, com algumas correntes apoiando políticas nacionalistas e outras clamando por uma postura mais humanitária e diplomática.
Esperança em Meio à Tempestade
Diante das incertezas, Wessels reitera que os evangélicos devem se manter unidos, evitando que conflitos políticos afetem os laços de irmandade entre os cristãos.
"Não devemos ser guiados pelo medo ou frustração, mas pela esperança. Precisamos continuar a construir pontes e a demonstrar amor, independentemente das barreiras que surgirem".
Com um apelo à oração e à ação, os líderes evangélicos se mantêm firmes no compromisso de buscar a paz, não como um simples acordo político, mas como um reflexo da justiça divina.
"O caminho para a reconciliação é longo, mas nosso papel é manter a fé e continuar a lutar pelos valores do Reino de Deus".
Fonte: Guiame, com informações do Evangelical Focus
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